quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sem Bolo, Sem Velhinhas Para Assoprar, Sem o Tradicional ‘Parabéns Pra Você’ e Pouca Perspectivas o RQRC ainda Resiste


O mês de julho passou e o Rio Quad Rugby Clube pouco teve o que comemorar em seu 6º aniversário de existência. De certo, até mesmo os fundadores do clube sequer deram conta de mais uma primavera. Fundado em 2007, na época por um grupo de abnegado, em sua maioria, remanescente da conturbada participação da seleção brasileira (montada às vésperas) nos Jogos Mundiais de Cadeiras de Rodas e Amputados – Tributo a Paz, no ano de 2005, o Rio Quad (popularmente chamado) ainda resiste.  No intento de 2005, capitaneado pelo Professor Moyses Sant’anna, com o apoio da extinta Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas – ABRADECAR, a inédita participação do Brasil na modalidade rugby em cadeira de rodas em uma competição internacional se deu com o propósito de se implantar a modalidade no Brasil. Projeto que passou a se efetivar a partir de março de 2008, com a fundação da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas – ABRC. Para alguns, hoje o rugby brasileiro é uma realidade, porém para outros, por se tratar de um país de dimensões continental, o Brasil com um contingente de 24% da sua população total caracterizada por algum tipo de deficiência, ainda se encontra em processo de consolidação, quando o tema é igualdade de oportunidades também na prática paraesportiva.

Na verdade, a ideia de se criar um clube única e inclusivamente de rugby em cadeira de rodas adveio, do ano de 2006 por conta da realização da Reacess, ocorrida no Rio Centro no mês junho, onde na ocasião, dentre inúmeras apresentações esportivas o Centro de Referência Guerreiros da Inclusão – CRGI, entidade presidida por Sheila Melo, assessorada pelo para-atleta de wheelchair rugby, o americano Brian Muniz, propiciou um jogo exibição da modalidade, divulgando o fomento da modalidade por parte da sua instituição. Brian Muniz que muito contribuiu ao RQRC, inclusive como atleta; trazendo toda a sua expertise para a realidade do Rugby Brasileiro. Que possamos lembrar sempre deste feito.

Tendo a Guerreiro da Inclusão como referência no fomento da modalidade, no início do ano de 2007 Matias Costas após aquisição das cadeiras de rodas ‘amarelinhas’ – as mesmas usadas pela seleção brasileira nos Jogos Mundiais em 2005 – dá início a uma mobilização, tendo como parceiros nessa empreitada o Professor Carlos Sigmaringa, garimpando usuários para a prática do rugby, oportunizando mais uma opção na promoção e divulgação da modalidade na expectativa de formar novos atletas, em particular para pessoas com deficiência física oriundas de tetraparesia e/ou tetraequivalência.

Mediante a uma participação expressiva (como ocorrido em 2005) do Pedagogo Jefferson Maia, tanto como praticante, quanto como articulador do local mais adequado para os treinos, o Parque das Vizinhanças Dias Gomes, equipamento da Prefeitura do Rio no bairro de Deodoro passara a ser o novo pont da prática do rugby na cidade, até se formalizar (no mês de julho) a fundação do Rio Quad Rugby Clube – RQRC primeiro clube de rugby em cadeira de rodas do Brasil, se juntando assim ao CRGI como referência no fomento e desenvolvimento da modalidade, incentivando o surgimento de novos clubes; ambas as instituições se valendo como precursoras na criação da ABRC.

Passados seis anos, hoje o RQRC se resume em uma entidade socioesportiva de cunho apenas na promoção e fomento da modalidade. Diante das dificuldades – ainda comuns, quando se trata de prática esportiva adaptada neste país – em captar recursos, em renovar equipamentos e em revelar novos atletas o clube já não compõe os ares de campeão. O título de campeão da 1ª edição do Brasileiro de Rugby em 2008 ficara para trás. No que tange ao esporte de alto rendimento. Já de algum tempo o clube não vem editando bons resultados. Sequências bem a baixo das expectativas, vem predominando nos últimos dois anos. Desde 2011 o clube, literalmente só vem participando das competições, apresentando um rendimento técnico bem a baixo do nível nacional. Inclusive na 4ª edição do brasileiro, ocorrida em Belo Horizonte/MG o clube fora o rebaixado para a 2ª Divisão, sem vencer um único jogo na competição. Em 2012, na 5ª edição do brasileiro, em Matinhos/PR o clube também não fora bem, desta feita até vencera um (dos quatros jogos na fase de classificação) jogo. Pouco para ascender para a elite nacional, se mantendo na 2ª. Divisão da modalidade.

Em 2013, infelizmente o clube se juntará ao lamentável hall das equipes que (por motivos diversos) já se ausentaram das competições nacionais. Assim como a pioneira na modalidade no Brasil o Centro Referência Guerreiros da Inclusão – CRGI (2011 e 2012), a Organização para o Movimento e o Esporte Adaptado – OMDA (2010), a Viva as Diferenças – Tigres Quadrugby (2012), a Associação dos Deficientes do Gama e Entorno – ADGE (2012), bem como outras instituições (supostamente) filiadas a ABRC, que sequer entraram em quadra para competi, o Rio Quad Rugby Clube – RQRC (por insuficiência técnica, aliado a dificuldades financeiras) não irá participar da 6ª edição do Brasileiro de Rugby que acontece entre os dias 21 e 25 de agosto em Matinhos/PR.

Lamenta-se a ausência do clube em uma competição nacional, cabendo uma reflexão, de como lidar com a ausência de equipes e instituições pioneiras na promoção e desenvolvimento do rugby em cadeira de rodas no país, ao saber que assim como há uma predisposição em incentivar o surgimento de novas equipes Brasil afora, também se deveria se criar mecanismos de incentivo para que as equipes possam se manter vivas, com fôlego para apresentarem bons resultados em suas ações, tanto dentro, quanto fora de quadra, sobretudo no que tange às políticas de incentivo ao esporte, bem como as diretrizes para as práticas da atividade física adaptada sustentável.

Em seu sexto aniversário, não há bolo, nem velhinhas para assoprar, nem tampouco o tradicional ‘Parabéns para Você...’. Não há o que se comemorar e sim fazer uma autocrítica, quanto à condução das ações e atividades do clube, sobretudo em relação a planejamento e captação de recurso para o RQRC pudesse ser poupado da lamentável situação na qual hoje se encontra. Lamentar é louvável, porém reconhecer erros e falhas no decorrer destes seis anos é primordial, na tentativa de buscar um novo rumo, com diretrizes e metas compatíveis com a grandeza do Rio Quad Rugby Cube. Eis o maior desafio de momento, desculpando aos atletas, a comissão técnica, aos voluntários, aos colaboradores e, em especial a todos aqueles que passaram pelo clube deixando a sua contribuição. Minhas desculpas por estarmos diante dessa situação.

Que possamos honrar o legado que vocês deixaram.

Rugby Rioooooooooooooo...


     Ricardo Prates
 Presidente do RQRC


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...