O
mês de julho passou e o Rio Quad Rugby Clube pouco teve o que comemorar em seu
6º aniversário de existência. De certo, até mesmo os fundadores do clube sequer
deram conta de mais uma primavera. Fundado em 2007, na época por um grupo de
abnegado, em sua maioria, remanescente da conturbada participação da seleção
brasileira (montada às vésperas) nos Jogos Mundiais de Cadeiras de Rodas e Amputados
– Tributo a Paz, no ano de 2005, o Rio Quad (popularmente chamado) ainda
resiste. No intento de 2005, capitaneado
pelo Professor Moyses Sant’anna, com o apoio da extinta Associação Brasileira
de Desporto em Cadeira de Rodas – ABRADECAR, a inédita participação do Brasil
na modalidade rugby em cadeira de rodas em uma competição internacional se deu com
o propósito de se implantar a modalidade no Brasil. Projeto que passou a se efetivar
a partir de março de 2008, com a fundação da Associação Brasileira de Rugby em
Cadeira de Rodas – ABRC. Para alguns, hoje o rugby brasileiro é uma realidade,
porém para outros, por se tratar de um país de dimensões continental, o Brasil
com um contingente de 24% da sua população total caracterizada por algum tipo
de deficiência, ainda se encontra em processo de consolidação, quando o tema é igualdade
de oportunidades também na prática paraesportiva.
Na
verdade, a ideia de se criar um clube única e inclusivamente de rugby em
cadeira de rodas adveio, do ano de 2006 por conta da realização da Reacess,
ocorrida no Rio Centro no mês junho, onde na ocasião, dentre inúmeras
apresentações esportivas o Centro de Referência Guerreiros da Inclusão – CRGI,
entidade presidida por Sheila Melo, assessorada pelo para-atleta de wheelchair rugby,
o americano Brian Muniz, propiciou um jogo exibição da modalidade, divulgando o
fomento da modalidade por parte da sua instituição. Brian Muniz que muito
contribuiu ao RQRC, inclusive como atleta; trazendo toda a sua expertise para a realidade do Rugby
Brasileiro. Que possamos lembrar sempre deste feito.
Tendo
a Guerreiro da Inclusão como referência no fomento da modalidade, no início do
ano de 2007 Matias Costas após aquisição das cadeiras de rodas ‘amarelinhas’ –
as mesmas usadas pela seleção brasileira nos Jogos Mundiais em 2005 – dá início
a uma mobilização, tendo como parceiros nessa empreitada o Professor Carlos
Sigmaringa, garimpando usuários para a prática do rugby, oportunizando mais uma
opção na promoção e divulgação da modalidade na expectativa de formar novos
atletas, em particular para pessoas com deficiência física oriundas de
tetraparesia e/ou tetraequivalência.
Mediante
a uma participação expressiva (como ocorrido em 2005) do Pedagogo Jefferson
Maia, tanto como praticante, quanto como articulador do local mais adequado
para os treinos, o Parque das Vizinhanças Dias Gomes, equipamento da Prefeitura
do Rio no bairro de Deodoro passara a ser o novo pont da prática do rugby na cidade, até se formalizar (no mês de
julho) a fundação do Rio Quad Rugby Clube – RQRC primeiro clube de rugby em
cadeira de rodas do Brasil, se juntando assim ao CRGI como referência no
fomento e desenvolvimento da modalidade, incentivando o surgimento de novos
clubes; ambas as instituições se valendo como precursoras na criação da ABRC.
Passados
seis anos, hoje o RQRC se resume em uma entidade socioesportiva de cunho apenas
na promoção e fomento da modalidade. Diante das dificuldades – ainda comuns,
quando se trata de prática esportiva adaptada neste país – em captar recursos,
em renovar equipamentos e em revelar novos atletas o clube já não compõe os
ares de campeão. O título de campeão da 1ª edição do Brasileiro de Rugby em
2008 ficara para trás. No que tange ao esporte de alto rendimento. Já de algum
tempo o clube não vem editando bons resultados. Sequências bem a baixo das
expectativas, vem predominando nos últimos dois anos. Desde 2011 o clube,
literalmente só vem participando das competições, apresentando um rendimento
técnico bem a baixo do nível nacional. Inclusive na 4ª edição do brasileiro, ocorrida
em Belo Horizonte/MG o clube fora o rebaixado para a 2ª Divisão, sem vencer um
único jogo na competição. Em 2012, na 5ª edição do brasileiro, em Matinhos/PR o
clube também não fora bem, desta feita até vencera um (dos quatros jogos na
fase de classificação) jogo. Pouco para ascender para a elite nacional, se
mantendo na 2ª. Divisão da modalidade.
Em
2013, infelizmente o clube se juntará ao lamentável hall das equipes que (por motivos diversos) já se ausentaram das
competições nacionais. Assim como a pioneira na modalidade no Brasil o Centro
Referência Guerreiros da Inclusão – CRGI (2011 e 2012), a Organização para o
Movimento e o Esporte Adaptado – OMDA (2010), a Viva as Diferenças – Tigres
Quadrugby (2012), a Associação dos Deficientes do Gama e Entorno – ADGE (2012),
bem como outras instituições (supostamente) filiadas a ABRC, que sequer entraram
em quadra para competi, o Rio Quad Rugby Clube – RQRC (por insuficiência
técnica, aliado a dificuldades financeiras) não irá participar da 6ª edição do
Brasileiro de Rugby que acontece entre os dias 21 e 25 de agosto em Matinhos/PR.
Lamenta-se
a ausência do clube em uma competição nacional, cabendo uma reflexão, de como
lidar com a ausência de equipes e instituições pioneiras na promoção e
desenvolvimento do rugby em cadeira de rodas no país, ao saber que assim como
há uma predisposição em incentivar o surgimento de novas equipes Brasil afora,
também se deveria se criar mecanismos de incentivo para que as equipes possam
se manter vivas, com fôlego para apresentarem bons resultados em suas ações,
tanto dentro, quanto fora de quadra, sobretudo no que tange às políticas de
incentivo ao esporte, bem como as diretrizes para as práticas da atividade
física adaptada sustentável.
Em
seu sexto aniversário, não há bolo, nem velhinhas para assoprar, nem tampouco o
tradicional ‘Parabéns para Você...’.
Não há o que se comemorar e sim fazer uma autocrítica, quanto à condução das
ações e atividades do clube, sobretudo em relação a planejamento e captação de
recurso para o RQRC pudesse ser poupado da lamentável situação na qual hoje se
encontra. Lamentar é louvável, porém reconhecer erros e falhas no decorrer
destes seis anos é primordial, na tentativa de buscar um novo rumo, com
diretrizes e metas compatíveis com a grandeza do Rio Quad Rugby Cube. Eis o
maior desafio de momento, desculpando aos atletas, a comissão técnica, aos voluntários,
aos colaboradores e, em especial a todos aqueles que passaram pelo clube
deixando a sua contribuição. Minhas desculpas por estarmos diante dessa
situação.
Que
possamos honrar o legado que vocês deixaram.
Rugby
Rioooooooooooooo...
Ricardo Prates
Presidente do RQRC